sábado, 24 de abril de 2010

Quebra de silêncio

Em meio à sucessão de escândalos em paróquias de diferentes países e críticas de autoridades por omissão, o Vaticano reconheceu pela primeira vez casos de pedofilia envolvendo saderdotes e fez um pedido público às vítimas. Em carta endereçada aos católicos irlandeses, país onde há estimativas de que milhares de crianças sofreram abusos, o papa Bento XVI rompeu o silêncio constrangedor das últimas décadas.
"Vocês sofreram gravemente e eu verdadeiramente peço desculpas.Sei que nada pode desfazer o mal que suportaram. A confiança de vocês foi traída e a dignidade transgredida. Muitos de vocês descobriram que, quando tivessem coragem suficiente para falar sobre o que aconteceu, ninguém escutaria.", admitiu o papa, em carta em 19 de março de 2010.
Falando em "vergonha e remorso", Bento XVI prometeu uma investigação formal e ações contra a pedofilia, até então minimizada pela Igreja Católica. As desculpas do pontífice chegam juntas xom suspeitas de que ele mesmo, quando era cardeal. abafou pelo menos dois casos. Em um deles, teria abrigado na arquidioce de Munique(Alemanha), então sob seu comando, um padre suspeito de molestar crianças. Em outro, noticiado pelo jornal norte-americano "New York Times", ele ignorou denúncias de abusos de um padre contra 200 meninos surdos no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos. Dois deles teriam escrito ao futuro papa pedindo ajuda.
Apesar de Bento XVI ter cedido à pressão e pedido desculpas, tudo indica que as tentativas de abafar casos de pedofilia devem continuar. Durante a páscoa, a crise provocada pelos sucessivos escândalos se agravou com tentativas desastradas de desqualificar as críticas. Durante a missa da Sexta0feira Santa(2) no Vocativo, o frei Raniero Cantalamessa, defendeu que as críticas de omissão são como "antissemitismo".
A comparação absurda provocou nova onda de protestos, desta vez de líderes judeus. O frei recuou e pediu desculpas. Sem mudar o tom, porém, outro membro da cúpula do Vaticano, o cardeal Angelo sodano, defendeu que as graves denúncias de pedofilia não passam de "fofoca mesquinha".

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